O acesso ao ensino superior vem se tornando cada vez mais dependente de mecanismos financeiros que permitam aos jovens conquistar seus sonhos acadêmicos. No Brasil, o crédito estudantil tem desempenhado um papel fundamental na democratização do acesso às universidades, embora não esteja isento de desafios e riscos.
Desde a criação do Fies em 1999, o Brasil avançou na oferta de recursos para estudantes de baixa e média renda em instituições privadas. A iniciativa surgiu como resposta a um cenário em que os custos elevados das mensalidades afastavam parcelas significativas da população da educação superior.
Com o tempo, programas complementares, como o Fies Social, ampliaram o alcance desses benefícios, reservando até 100% do valor da mensalidade para inscritos no CadÚnico com renda familiar per capita de até meio salário mínimo.
Os dados mais recentes refletem o impacto e os desafios do sistema de crédito estudantil:
Para mais da metade dos brasileiros, o crédito estudantil representa uma oportunidade de inclusão financeira e mobilidade social. Entre a Geração Z, 69% planejam recorrer a bancos digitais em 2025, evidenciando uma demanda crescente por soluções de financiamento ágeis e acessíveis.
Além disso, programas de financiamento têm contribuído para a promoção da equidade, abrindo portas a grupos historicamente excluídos, como quilombolas, indígenas e pessoas com deficiência.
Apesar dos avanços, há riscos e barreiras que exigem atenção:
Mesmo com políticas de renegociação, a sustentabilidade financeira do sistema depende de estratégias para reduzir a inadimplência e garantir a continuidade dos investimentos públicos.
A análise dos beneficiários revela avanços, mas também desigualdades persistentes. Mulheres representam 68% dos contemplados, mas enfrentam maiores dificuldades para quitar as dívidas em comparação aos homens. Estudantes pretos e pardos superam 56% dos tomadores, porém ainda lidam com taxas de inadimplência mais altas.
O Fies Social se destaca ao reservar vagas específicas para segmentos vulneráveis, fortalecendo a política de igualdade de oportunidades e ajudando a reduzir disparidades históricas.
Um dos principais agravantes do ciclo de endividamento é a falta de conhecimento sobre gestão de crédito. Sem uma educação financeira adequada, o estudante tende a subestimar o impacto dos juros compostos e dos prazos de pagamento.
Incluir módulos de orientação financeira antes da contratação e durante o curso pode transformar o empréstimo em um instrumento estratégico, evitando que se torne um obstáculo ao desenvolvimento profissional.
Entre as medidas implementadas para aprimorar o sistema, destacam-se:
• Renegociação de dívidas pelo Desenrola Fies, com descontos e prazos flexíveis para ex-beneficiários inadimplentes.
• Elevação do teto de financiamento em cursos de alta demanda, como Medicina, de R$ 52,9 mil para R$ 60 mil anuais.
No cenário internacional, países como os EUA experimentam propostas de perdão parcial de dívida, suspensão temporária de pagamentos e programas de apoio jurídico para proteger os estudantes.
Para aproveitar o crédito como um verdadeiro investimento de futuro, recomenda-se:
O crédito estudantil é uma ferramenta poderosa para promover a equidade e ampliar o acesso ao ensino superior, desde que utilizado com consciência e planejamento. A conjugação de políticas públicas eficazes, práticas de educação financeira e mecanismos de renegociação garante maior sustentabilidade ao sistema.
Estudantes, governo e instituições de ensino devem atuar de forma colaborativa, fortalecendo pilares como inclusão, sustentabilidade e responsabilidade financeira. Acompanhando tendências, avaliando resultados reais e criando novas soluções, podemos construir um futuro menos desigual e mais produtivo por meio de empréstimos estudantis responsáveis.
Referências