No Brasil, o cenário econômico é marcado por juros elevados e oscilações constantes. Esse ambiente desafiador faz com que muitos investidores considerem a possibilidade de uso consciente de capital de terceiros para potencializar seus ganhos. Mas será que essa estratégia é recomendável na maior parte dos casos?
Tomar um empréstimo para investir consiste em contratar um crédito junto a bancos ou financeiras com a expectativa de que a rentabilidade dos ativos ultrapasse o custo total do empréstimo. Existem diferentes modalidades de crédito:
Para avaliar a viabilidade, é imprescindível considerar o preço total incluindo taxas e comissões — também chamado de CET (Custo Efetivo Total) — que engloba juros, tarifas, IOF e outras despesas.
Em determinados momentos, o crédito pode ser visto como um meio de acelerar objetivos financeiros. As motivações mais comuns incluem:
No Brasil, as taxas de juros variam muito conforme a modalidade. Empréstimos com garantia (imóvel ou veículo) podem partir de 1,09% ao mês mais IPCA, com prazo de até 240 meses. Já o crédito pessoal comumente supera 2% ao mês, atingindo mais de 30% ao ano.
Para empresas, existem linhas de crédito privado e financiamentos específicos que podem oferecer taxa anual efetiva (TAE) inferior ao crédito comum. Porém, a análise do análise de cenários pessimistas e otimistas é fundamental antes de fechar qualquer contrato.
Uma operação só se justifica quando a rentabilidade líquida do investimento supera o custo total do empréstimo no mesmo período. Por exemplo, se o crédito custa 2% ao mês (cerca de 26,8% ao ano) e o investimento rende 12% ao ano, o saldo final será negativo.
Em geral, produtos de renda fixa, como CDBs e Tesouro Direto, oferecem retornos entre 10% e 13% ao ano, insuficientes para cobrir a maior parte dos juros de crédito no Brasil. Já a renda variável (ações, FIIs, criptomoedas) pode superar o custo, mas carrega alta volatilidade e exige perfil experiente.
Antes de assumir um empréstimo com destino a investimento, considere os seguintes riscos:
Embora não seja a regra, em situações excepcionais o empréstimo pode fazer sentido:
- Quando há uma oportunidade única de alto retorno, devidamente estudada e com análise de risco rigorosa.
- Em ambientes de juros muito baixos (caso raro no Brasil) em que a taxa de crédito fique abaixo da expectativa de ganho.
- Para quem dispõe de necessidade de reserva de emergência adequada e perfil de investidor experiente, capaz de suportar oscilações.
Para quem ainda avalia essa alternativa, sugerimos:
• Realizar simulações detalhadas incluindo todos os custos invisíveis, como tarifas bancárias e tributação.
• Consultar um profissional especializado para aconselhamento personalizado.
• Evitar especulação alavancada sem aceitar a possibilidade de perdas significativas.
• Manter a papel fundamental do planejamento financeiro como guia em todas as decisões.
Em muitos casos, é mais seguro recorrer a outras fontes de capital, como resgatar aplicações de forma planejada, vender ativos de baixo rendimento ou buscar sócios que compartilhem o risco do negócio. Essas opções podem evitar o peso de juros elevados e proteger seu patrimônio.
Tomar um empréstimo para investir pode parecer uma estratégia atraente em momentos de baixa liquidez ou oportunidade excepcional. No entanto, perfil de investidor experiente, análise de risco rigorosa e reserva de emergência são pré-requisitos imprescindíveis.
Na maior parte dos cenários, o custo do crédito no Brasil supera a rentabilidade média disponível no mercado, tornando a operação arriscada e potencialmente prejudicial. Planeje com cuidado, avalie cenários pessimistas e otimizados, e só avance se tiver certeza de que os ganhos compensarão o risco assumido.
Referências